domingo, 22 de janeiro de 2017

DNA original

 Rodrigo Stenio
(Resenha filosófica sobre a criação da vida e
a evolução da espécie humana!)


Não havia nada...era uma mistura de matérias, muitos elementos e sementes enviadas pelo cosmos; um sol ardente que emanava o primeiro segredo da vida, um sopro elementar que supre o desejo inato dessa matéria misturada, se tornar orgânica.

Nesse fluxo constante e infernal de elementos, outro segredo trazido por asteroides e protoplanetas maiores, cometas, e objetos transneptunianos, começava a formar nossa atmosfera, nossa maior e melhor defesa, além de item essencial para a vida.

 A luz trazida pelo sol, os raios que rompem nossa atmosfera todas as manhãs, que fornece o calor e a energia que necessitamos e a água trazida pelos fragmentos do espaço, que alimenta as células básicas e possibilita a criação dessa mesma atmosfera que recebe a luz do Sol, são os primeiros segredos revelados da vida. A partir desse momento, com a evolução progressiva dos elementos e suas combinações, a vida iria nascer em nosso planeta.


A desgaseificação e a atividade vulcânica produziram a atmosfera primordial da Terra. O vapor de água condensado, a que se juntou gelo e água líquida começaram a formar os primeiros oceanos. O Sol recém formado possuía apenas (70%) da sua luminosidade atual, porém as evidências mostram que os oceanos antigos se mantiveram líquidos, uma contradição a que se deu o nome de paradoxo do jovem Sol fraco. A combinação de gases estufa e níveis de atividade solar mais elevados, serviu para aumentar a temperatura na superfície da Terra, evitando que os oceanos congelassem. Há cerca de 3,5 bilhões de anos, estabeleceu-se o campo magnético terrestre, o qual ajudou a evitar que a atmosfera fosse levada pelos ventos solares.

O campo magnético terrestre assemelha-se a um dipolo magnético com seus polos próximos aos polos geográficos da Terra. Uma linha imaginária traçada entre os polos sul e norte magnéticos, apresenta uma inclinação de aproximadamente 11,3º relativa ao eixo de rotação da Terra.

Como o efeito do campo magnético terrestre se estende por várias dezenas de milhares de quilômetros, no espaço ele é chamado de magnetosfera da Terra. A localização dos polos não é estática, chegando a oscilar vários quilômetros por ano. Os dois polos oscilam independentemente um do outro e não estão em posição diretamente opostas no globo.

Nosso planeta agora recebia a luz do Sol, mantinha de forma líquida uma reserva considerável de água, apresentava elementos em formas sólidas, líquidas e gasosas, possuía uma atmosfera elementar em formação como uma espécie de capa de energia magnética. 

Com todos esses fatores, nosso planeta já oferecia componentes e uma "infraestrutura" que possibilitava o florescimento da vida. De organismos biológicos que eram muito simples, mas já eram capazes de se reproduzir e trocar substâncias com o seu meio.

Mas de que forma, esses elementos em vários estados, o calor ou o frio, a pressão atmosférica, a força da gravidade, a água e a energia fornecida pelo nosso Sol, foram capazes de se agrupar sob as formas e condições absolutamente perfeitas e precisas, ao ponto de gerar uma vida? Onde está o elo entre tudo o que é necessário para um organismo estar vivo, e o momento em que ele se torna vivo?

São muitas as teorias sobre a gênese, uma das mais difundidas, é a da geração espontânea. Onde a soma perfeita e precisa das condições necessárias e o nascimento da vida, são reações naturais submissíveis às leis conhecidas da química, física e biologia.

Mas seria mesmo possível que a vida seja capaz de se auto criar, sem absolutamente nenhuma interferência inteligente ou no mínimo mais complexa?

Uma coisa é praticamente certa, ou parcialmente compreendida como um fato, algumas reações químicas altamente energéticas produziram uma molécula auto replicadora há cerca de 4 bilhões de anos. Todo ser vivo reproduz, copiando seu material genético e passando-o para a prole. Assim, a habilidade de copiar as moléculas que codificam informações genéticas é um passo chave na origem da vida, sem isso, a vida não poderia existir.
Mas o passo seguinte continua um enigma, uma versão codificada da realidade que somos capazes de aceitar e visualizar. A origem da vida, está ligada ao maior mistério da existência humana, atinge e alimenta diversos comportamentos sociais, crenças, teorias, conceitos e teses.

Milhares de culturas religiosas foram criadas durante a nossa existência nesse planeta, muitas foram praticadas e são ainda hoje, por mais de 5.000 anos. A mais antiga das religiões que se tem registro, é o hinduísmo cuja a tradição oral, data de aproximadamente 3.500a.C, na Índia.

Não importa qual seja a crença ou o conceito, todas elas de forma geral, buscaram e criaram uma explicação para a origem da vida, além de procurar um caminho, um conjunto de conceitos morais para que a própria sociedade humana pudesse coexistir. Sempre houve uma necessidade intrínseca de não estar sozinho, de não sentir em seu âmago uma plena solidão cósmica. Temos uma necessidade latente de acreditar plenamente em divindades e em locais tão puros e tão sujos que chegam a ser o fator de orientação predominante na vida de uma pessoa em absolutamente qualquer parte do mundo.

O ser humano, além de ter essa necessidade, tem a sensação, uma demanda energética que emana do nosso inconsciente coletivo, que nos diz claramente sem palavras: "Você não está sozinho!"
Quando olhamos para o céu, focamos nossos pensamentos, anseios, angústias, agradecimentos, sentimentos...mas porque fazemos isso?

Porque nos comunicamos com o universo de forma tão natural e constante? O que há no céu?

Uma explicação plausível e aceita, é que as pessoas, de forma geral, tendem a absorver e seguir conceitos religiosos onde as suas divindades maiores, vivem em outras esferas dimensionais que geralmente são consideradas acima da nossa. Portanto as pessoas olham para cima, para se comunicar com essas divindades.
Mas esse comportamento social, nos leva diretamente a uma questão pertinente; essa prática usual surgiu depois da criação das primeiras religiões, ou já nos comunicávamos com o universo antes das suas criações e justamente por isso começamos a criar "rostos" e "formas" para o que o firmamento realmente nos significa?

Umas das conquistas mais antigas de nossos ancestrais humanos, foi o controle do fogo. Sem essas técnicas, provavelmente nossa espécie não teria sobrevivido. Depois que isso aconteceu, tudo mudou para a humanidade.

Qual foi o desafio que fez com que nossos ancestrais humanos fossem capazes de dominar o elemento mais volátil e essencial da Terra, o fogo? Foi apenas mais uma parte do nosso desenvolvimento intelectual?

Quando olhamos para o fogo, temos a sensação de que nossos ancestrais, de alguma forma, estavam esfregando gravetos, mas todas as culturas antigas, dizem que esse conhecimento nos foi dado. Segundo as lendas dos nativos americanos, o fogo foi roubado do “mundo” acima, segundo os Maoris, o fogo foi roubado dos “Deuses”, na mitologia grega, foi Prometeu quem roubou o fogo e os deu para os humanos. Qual é o motivo de tantos mitos e lendas serem tão semelhantes em vários locais distintos do globo? Se esse conhecimento nos foi dado, por quem exatamente?
 Uma certeza evidente, é que a partir do momento em que o ser humano começa a se relacionar de forma afetiva e principalmente em desenvolver o raciocínio prático e lógico, os primeiros passos haviam sido dados para o seu subsequente e maior degrau evolutivo, a associação da linguagem em seus padrões de rotina.

Agora, além de poder manter um nível social mais elevado, com a formações de grupos familiares mais conscientes, com a linguagem nossos ancestrais podiam se comunicar de forma direta, além de passar adiante os conhecimentos já adquiridos. Então agora as pessoas podiam aprender umas com as experiências das outras...como tempo, o domínio do fogo e ferramentas rudimentares, começamos a nos distinguir intelectualmente, de forma prática e filosófica.
Mas foi exatamente em algum momento desse desenvolvimento ainda primitivo e dessa interação com o meio e com as outras pessoas, que começamos a nos perceber diferentes, completamente distintos de todos os outros animais. Já começávamos a realizar feitos que não víamos em sua forma natural, estávamos adaptando o meio às nossas necessidades, essa também é uma qualidade absolutamente única do ser humano, todas as outras espécies já nascem com uma "orientação" de adaptabilidade ao meio em que vive, de forma natural e programada




Éramos melhores, mais adaptáveis e flexíveis, nossa inteligência e nossa comunicação racional, nos tornava o ser dominante, então começamos a racionalizar a nossa existência...então começamos a nos sentir unicamente sozinhos, a nossa era a única espécie capaz de interagir conosco em um nível mais complexo e avançado.

O que ou quem foi responsável por toda essa evolução humana? Como deixamos de provavelmente ser simples seres primatas e socialmente involuídos, para nos tornarmos a espécie mais desenvolvida do planeta?
Inicialmente éramos apenas um grupo de animais que coexistia de forma comunitária, que tinha a sobrevivência como maior objetivo de existência, depois, de forma abrupta e até então inimaginável, passamos para seres complexos, que desenvolveram uma comunicação com signos e códigos e posteriormente uma linguagem verbal própria, ferramentas e adornos, racionalizações práticas e diretas, sentimentos e necessidades intrínsecas tão distintas e complicadas.




Essa transformação radical e grandiosa, no leva de volta às questões sobre o surgimento da vida e toda a história evolutiva de todas as espécies que já coexistiram em nosso planeta. Como esses "saltos" acontecem? Do nascimento da vida ao fato mais impressionante e único de que temos conhecimento, como a natureza por si só, é capaz de criar e cercear a vida e a evolução das espécies?






Assim como as religiões são criações humanas genuínas e tentam explicar a criação, nos tempos modernos até os dias atuais, a ciência através de suas disciplinas e estudos, também tenta nos dar uma versão para a criação e a evolução.

De todas as teorias já criadas pelas diversas ciências e suas ramificações, a mais aceita até hoje é a teoria natural da evolução de Charles Darwin. Naturalista, inglês, nascido em 1809 e tendo falecido em 1882, esse médico e teólogo, passou muitos anos dentro de um navio, viajando e pesquisando as espécies, os habitats onde elas vivem e a sua adaptação ao meio. Após vinte anos de pesquisa, ele desenvolveu a sua tese: A seleção natural.

A seleção natural é um processo pelo qual características hereditárias que contribuem para a sobrevivência e reprodução se tornam mais comuns numa população, enquanto que características prejudiciais tornam-se mais raras. Isto ocorre porque indivíduos com características vantajosas tem mais sucesso na reprodução, de modo que mais indivíduos na próxima geração herdem estas características. Ao longo de muitas gerações, adaptações ocorrem através de uma combinação de mudanças sucessivas, pequenas e aleatórias nas características, mas significativas em conjunto, em virtude da seleção natural e das variantes mais adequadas, ou adaptados ao seu ambiente. Em contraste, a deriva genética produz mudanças aleatórias na frequência das características numa população. A deriva genética reflete o papel que o acaso desempenha na probabilidade de um determinado indivíduo sobreviver e reproduzir-se.


Mas qual seriam os fatores diretos entre o meio ambiente e as próprias espécies biológicas que puderam interferir e contribuir de forma substancial para a evolução por seleção natural, principalmente do ser humano? Quais foram as interferências naturais capazes de gerar a demanda da linguagem por parte do ser humano por exemplo?

Linguagem pode se referir tanto à capacidade especificamente humana para aquisição e utilização de sistemas complexos de comunicação, quanto à uma instância específica de um sistema de comunicação. O estudo científico da linguagem, em qualquer um de seus sentidos, é chamado linguística.


Atualmente, entre 3.000 e 6.000 línguas são usadas pela espécie humana, e um número muito maior era usado no passado. As línguas naturais são os exemplos mais marcantes que temos de linguagem. No entanto, ela também pode se basear na observação visual e auditiva, ao invés de estímulos. Como exemplos de outros tipos de linguagem, temos as línguas de sinais e a linguagem escrita. Os códigos e os outros tipos de sistemas de comunicação construído artificialmente, tais como aqueles usados para programação de computadores, também podem ser chamadas de linguagens. A linguagem, nesse sentido, é um sistema de sinais para codificação e decodificação de informações. A palavra portuguesa deriva do francês antigo “langage”. Quando usado como um conceito geral, a palavra "linguagem" refere-se a uma faculdade cognitiva que permite aos seres humanos aprender e usar sistemas de comunicação complexos.

A linguagem humana enquanto sistema de comunicação é fundamentalmente diferente e muito mais complexa do que as formas de comunicação das outras espécies, já que se baseia em um diversificado sistema de regras relativas a símbolos para os seus significados, resultando em um número indefinido de possíveis expressões inovadoras a partir de um finito número de elementos.
De acordo com os especialistas, a linguagem pode ter se originado quando os primeiros hominídeos começaram a cooperar, adaptando sistemas anteriores de comunicação baseado em sinais expressivos a fim de incluir a teoria da mente, compartilhando assim intencionalidade. Nessa linha, este desenvolvimento pode ter coincidido com o aumento do volume do cérebro, e muitos linguistas veem as estruturas da linguagem como tendo evoluído a fim de servir a funções comunicativas específicas. 

A linguagem é processada em vários locais diferentes do cérebro humano, mas especialmente na área de Broca e na Área de Wernicke. Os seres humanos adquirem a linguagem através da interação social na primeira infância. As crianças geralmente já falam fluentemente quando estão em torno dos três anos de idade.

Todas as línguas contam com o processo de semiose que relacionam um sinal com um determinado significado. Línguas faladas e línguas de sinais contém um sistema fonológico que regem a forma como os sons ou os símbolos visuais são articulados a fim de formar as sequências conhecidas como palavras ou morfemas; além de um sistema sintático para reger a forma como as palavras e os morfemas são utilizados a fim de formar frases e enunciados. Línguas escritas usam símbolos visuais para representar os sons das línguas faladas, mas elas ainda necessitam de regras sintáticas que governam a produção de sentido a partir de sequências das palavras.

As línguas evoluem e se diversificam ao longo do tempo. Por isso, sendo a língua uma realidade essencialmente variável, não há formas de falar intrinsecamente erradas. A noção de certo e errado tem origem na sociedade, não na estrutura da língua.

A história de sua evolução pode ser reconstruída a partir de comparações com as línguas modernas, determinando assim quais características as línguas ancestrais devem ter tido para as etapas posteriores terem ocorrido. Um grupo de idiomas que descendem de um ancestral comum é conhecido como família linguística. As línguas que são mais faladas no mundo atualmente pertencem à família indo europeia, que inclui línguas como o Inglês, o espanhol, o português, o russo e o hindi; as línguas sino-tibetanas, que incluem o chinês, mandarim, cantonês e muitos outros; as línguas semíticas, que incluem o árabe, o amárico e o hebraico; e as línguas bantu, que incluem o suaíli, o Zulu, o Shona e centenas de outras línguas faladas em toda a África.

De que forma, em que espaço, dentro no nosso tempo biológico, surgiu algum tipo de necessidade direta e objetiva, capaz de nos trazer aspectos que permitissem a evolução da linguagem humana? O que dentro do nosso meio externo e posteriormente interno, foi capaz de nos levar a esse salto evolucionário tão singular?

Se levarmos em conta a teoria da geração da vida ser espontânea, apenas dependendo de substâncias e condições perfeitas e precisas, e a teoria de Darwin, que diz que as espécies evoluem pela seleção natural; estaríamos pensando em um processo extremamente lento e contínuo. Uma enorme quantidade de tempo biológico seria necessária para que a vida fosse criada e posteriormente as diversas espécies do nosso planeta, fossem surgindo e gradativamente evoluindo naturalmente e de certa forma aleatoriamente.
Esse modelo de evolução proposto por Darwin, no entanto, enfrentou um problema já em sua época: ao coletar fósseis, nunca se observou a lenta modificação dos traços prevista pela teoria. No registro conservado em pedra, muitas espécies pré-históricas apareciam como que de repente. Para Darwin, esse pretenso erro acontecia porque poucas espécies deixavam fósseis e, naquela época, um número muito pequeno havia sido encontrado pelos cientistas. No entanto, mais de cem anos depois, os paleontólogos ainda não constatam o gradualismo em suas descobertas. Para alguns cientistas, o problema pode estar na própria teoria, para se ter uma ideia, um dos maiores questionamentos, é justamente sobre o corpo humano e alguns de seus detalhes. Por exemplo: Se o ser humano realmente é uma evolução direta de um primata, porque deixamos de ter pelos? Todos os seres das espécies primatas, os possuem. Qual seria a lógica e ou necessidade que nos teria feito perder a nossa principal proteção contra o frio, o calor, e a chuva? Muitos fósseis de hominídeos foram encontrados no interior de cavernas, se utilizando de diversos tipos diferentes de peles de animais, muito provavelmente para se aquecer. Então se o ser humano é mesmo uma evolução natural de um animal com pelos, porque os perderíamos, se eram uma forma natural e extremamente útil de nos protegermos das variações do ambiente e mesmo de outros animais?

Outra questão importante, é a presença de animais que hoje sabemos que são espécies ainda mais antigas que o próprio ser humano, mas que não deram seguimento em sua evolução por seleção natural. Animais como os crocodilos e jacarés, tartarugas marinhas e jabutis, algumas espécies de baleias e peixes como tubarões, já estão nos ecossistemas terrestres há centenas de milhões de anos, muito antes dos primeiros primatas. Seus fósseis são largamente encontrados em vários locais do globo e datam de vários períodos, no entanto sua estrutura óssea e formato, continuam o mesmo por todo esse tempo. Alguns cientistas menos ortodoxos, propõem que se esses animais permanecessem evoluindo constantemente desde os períodos de vida mais conhecidos de suas espécies, seguindo a teoria de Charles Darwin, tecnicamente hoje deveriam ser até mesmo mais inteligentes e evoluídos que a nossa própria espécie. Segundo esses cientistas, a teoria de Darwin é falha e muito difícil de se sustentar. Alguns dizem que se a teoria citada fosse mesmo definitiva e assertiva, deveríamos então ver cidades submarinas de tubarões e baleias, linguagens complexas presentes em crocodilos e jacarés e etc.

Em 1972, Stephen Jay Gould e o paleontólogo Niles Eldredge, do Museu Americano de História Natural, em Nova York, Estados Unidos, propuseram a hipótese do “equilíbrio pontuado” para resolver esse mistério. Para eles, a evolução acontece em saltos relativamente rápidos, de cerca de 10.000 anos. Uma vez desenvolvidas, as espécies tendem a se manter constantes por até milhões de anos. Esses saltos acontecem quando populações pequenas desenvolvem rapidamente novas características para se adaptar a um determinado ambiente. É ponto pacífico que um grupo reduzido de indivíduos tende a evoluir em menor tempo, uma vez que qualquer nova característica é facilmente espalhada para todos.
Quando o grupo se modifica, ele pode migrar ou cruzar com outras populações e transmitir rapidamente os novos traços para o resto da espécie. Os rastros que um modelo desses deixa no registro fóssil dão a ideia de que a evolução "tirou férias" durante milênios e trabalhou freneticamente por pouco tempo.

A novidade dessa teoria em relação ao darwinismo ortodoxo é que, em vez da evolução lenta e gradual que age em princípio sobre indivíduos, há uma evolução rápida que é causada por grupos inteiros.

Pesquisas recentes mostram que, em alguns casos, as espécies podem evoluir ainda mais rápido do que Gould e Eldredge imaginaram. Um estudo divulgado em outubro do ano passado apresentou evidências de que uma espécie de salmão chegou quase ao isolamento reprodutivo em cerca de 60 anos. Durante a década de 1930, esse peixe foi introduzido em um hábitat no noroeste dos Estados Unidos composto de um rio e uma praia fluvial. Alguns animais se especializaram em viver na correnteza e desenvolveram características distintas daqueles que habitavam as águas calmas da praia. Hoje em dia, os peixes de uma população dificilmente se reproduzem com os da outra e, caso isso ocorra, os descendentes têm poucas chances de sobreviver. “Ainda não se pode dizer que são duas espécies diferentes, mas esse caso é um modelo de como surgem novas linhagens”, afirma Andrew Hendry, da Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, o autor do estudo.
Para muitos pesquisadores, diversos outros fatores tendem a interferir na evolução. Muitas das características dos seres vivos podem surgir como consequências de outras modificações. Algumas vezes, eles são apenas frutos do acaso. Além disso, teorias indicam que alguns sistemas podem se auto organizar sem sofrer interferência da seleção natural.
Um método muito utilizado para explicar a origem das características dos seres vivos é o adaptacionismo. Ele parte do princípio darwinista de que as modificações entre uma geração e outra são aleatórias e é em contato com o ambiente que algumas se tornam dominantes e outras são eliminadas. Assim, é possível traçar o caminho pelo qual as espécies evoluíram analisando a forma como cada novo traço facilitou a adaptação ao ambiente. Por exemplo, os morcegos, que são mamíferos, desenvolveram asas como as aves, o que indica que voar é uma boa solução para superar dificuldades evolutivas e se adaptar ao ambiente em que vivem.

Muitos biólogos, no entanto, acreditam que o adaptacionismo também tem seus limites. Algumas características dos seres vivos podem surgir por simples acaso. É o que mostra a pesquisa realizada por Richard Lenski, da Michigan State University, com a Escherichia coli, uma bactéria encontrada em enorme quantidade no intestino dos animais. Em 1988, ele separou 12 culturas idênticas dessa espécie e as cultivou por mais de 11 anos, o que representou cerca de 24.000 gerações (em termos humanos, esse número equivaleria a cerca de 500.000 anos). Durante todo esse tempo, enfrentaram um ambiente com baixa quantidade de glicose, uma substância da qual se alimentam. Em princípio, as populações evoluíram de forma semelhante e todas aumentaram quase duas vezes o tamanho do seu corpo. No entanto, após os primeiros milhares de gerações observou-se que o material genético dos grupos não era mais igual.

É possível também que a evolução combine a seleção natural com outras leis da natureza. É o que indicam novos estudos das ciências da complexidade. Essa linha de pesquisa parte do princípio de que alguns sistemas possuem tendências que não podem ser explicadas pelas características de suas partes. Por exemplo, não é possível prever a direção de uma avalanche se conhecermos apenas as características dos flocos de neve, assim como não se pode partir apenas da psicologia de cada torcedor para entender o comportamento de uma torcida de futebol. É o sistema como um todo, em sua complexidade, que deve ser analisado.

Para o americano Stuart Kauffman, esse princípio pode explicar a origem da vida. O mundo, antes dos seres vivos, era basicamente um amontoado de moléculas de diferentes tipos. Cada uma delas possuía a capacidade de acelerar quimicamente a formação de outras partículas. Em um certo momento, o conjunto adquiriu uma quantidade razoável dessas moléculas, que começaram a interagir e acelerar o desenvolvimento do conjunto todo. Formou-se assim um sistema estável e auto suficiente, semelhante a um ser vivo. A ideia de que substâncias mortas se organizem de uma hora para outra para criar a vida pode parecer estranha, mas foi observada por Kauffman em simulações por computador. Portanto, aquelas formas primitivas de vida, criadas quimicamente, estariam depois sujeitas à seleção natural, mas não foram criadas por ela.

A discussão pega fogo quando chega a hora de explicar a evolução humana. Será que o nosso cérebro e, em consequência, o nosso comportamento, pode ser explicado pela seleção natural? Os adeptos da psicologia evolutiva acreditam que sim: algumas das nossas atitudes surgiram da necessidade de nos adaptarmos ao longo da evolução. Essa teoria parte do princípio de que o comportamento humano pode ser separado em módulos mentais, responsáveis por diferentes funções. Alguns são quase óbvios, como a habilidade de reconhecer objetos visualmente ou de calcular distâncias. Outros são mais difíceis de imaginar, como o módulo para detectar trapaças e o que relaciona a simetria facial à beleza. Segundo pesquisas nesse campo, nós consideramos pessoas simétricas mais atraentes porque, há alguns milênios, a beleza estava relacionada com a saúde. Assimetrias poderiam ser um sinal de infecções ou contusões e entraram em nossa programação biológica como traços a serem evitados.

As relações entre a seleção natural e o nosso cérebro são tão interessantes quanto controversas. Para muitos cientistas, o cérebro é um órgão complexo demais para ser dividido em módulos e é possível que a maior parte do nosso comportamento seja formada por consequências secundárias de outras modificações.

A capacidade de ler e escrever seria uma dessas características. A seleção natural fez com que o ser humano ganhasse inteligência porque ela era importante nas savanas africanas, mas não para que o homem redigisse textos. Posteriormente, a escrita tornou-se importante, mas não faz sentido buscar uma justificativa evolutiva para ela. Assim como a leitura, muitas outras atitudes humanas, como pintar quadros ou voar no espaço, não possuiriam nenhuma explicação adaptativa.

O fato é que até então, mesmo com todos os estudos, conceitos e teorias, além de obviamente todas as crenças, práticas, ritos, doutrinas e religiões criadas pela nossa mais forte força regente, a fé, como é chamada mais usualmente pelo planeta, pouco se tem de realmente concreto e sólido, ao ponto de nos confortar enquanto explicação definitiva para a "criação". Nada até então se apresentou como provado de forma incontestável!

Esse sentimento abrangente e substancial que preenche o vazio que absolutamente todo ser humano tem, seja através da busca pelo conhecimento e ou por um "criador", é que se mostra como uma característica intrínseca e especialmente singular em todos nós. Essa inquietude quanto às nossas origens e destino, pode se manifestar de várias formas em todas as nossas sociedades; temos formas muito céticas e científicas e temos as mais crédulas e religiosas. Essa sensação latente é tão enraizada em nosso próprio código genético, de que não estamos sozinhos e de que nunca houve aleatoriedade ou reações diversas e adversas capazes de gerar o sopro elementar de toda a existência e sua evolução, que passamos grande parte de nossas vidas buscando por respostas ou por algum tipo de conforto espiritual.

Nada pode ser mais produtivo para a melhor e maior compreensão do nosso meio social moderno, que a observação e o estudo aplicado das diversas ciências cujo objetivo é desvendar e entender o passado. Agora temos meios e condições de rever a nossa linha do tempo, não apenas da humanidade, mas do nosso próprio planeta. A geologia, a antropologia, a astrofísica, a arqueologia, a biologia, a química, a física e muitas outras sub ramificações, hoje vem nos abrindo uma gama muito grande e bem fundamentada de teorias e conceitos, alguns desses que antes eram considerados incontestáveis e agora se mostram obsoletos e ultrapassados.

Novas descobertas nos campos da arqueologia, vem deixando toda a comunidade acadêmica e religiosa, sem voz e sem respostas. Até então, é bem comum ver cientistas dizendo que há aproximadamente 10.000a.C, ainda estávamos morando em cavernas, que éramos simples coletores e caçadores primitivos agindo em conjunto com o único objetivo de sobreviver.

Um tema mitológico muito conhecido no Japão, Taiwan, China e Filipinas descrevem a antiga busca por uma civilização perdida naquela região do planeta. Esse folclore cita através de lendas a probabilidade de um reino submerso nas Águas do Oceano Pacífico, com uma linha costeira que unia várias terras e onde os fragmentados arquipélagos da Malásia, da Indonésia, das Filipinas e do Japão não seriam mais do que partes de um grande continente.
Alguns pesquisadores o denominam de Lemúria, mas no Japão, é chamado Hori. E foi em 1985 que mergulhadores japoneses fizeram surpreendentes descobertas. Ao estudarem uma região no Arquipélago de Ryûkyû, a 480 km a sudoeste de Okinawa – Japão, o mergulhador Kihachiro Aratake estava com sua equipe procurando melhores lugares para turistas praticarem mergulho quando encontrou um conjunto de misteriosas ruínas magalíticas. Era uma plataforma com escadarias, as quais cada uma tem mais ou menos 1 metro de altura, assemelhando-se com um altar em pedras cortadas com precisão.

São restos de uma cidade antiquíssima submersa próxima ao território japonês. A área tem 28,88 km² que tem uma população de menos de 200 moradores. Muitos historiadores, arqueólogos e outros cientistas foram atraídos até o sítio arqueológico, onde realizaram estudos geológicos para o cálculo da idade destes monumentos.

Chegaram a uma estupenda conclusão: os monumentos têm perto de 12.000 anos de idade. Isso coloca as edificações como sendo as mais antigas do planeta. Mais oito grandes estruturas feitas pelo homem foram encontradas no decorrer de 10 anos de exploração e pesquisas, com destaque para um enorme platô com mais de 200m de comprimento, e para deixar os arqueólogos ainda mais atônitos, descobriu-se uma pirâmide igual às pirâmides Astecas e Maias (5 andares e alinhadas de acordo com pontos cardeais), além de um conjunto de ziguraes.


Considerando que após redatarem a idade da Esfinge de Gizé para cerca de 12.000 anos de idade (muito mais antiga do que assegura a arqueologia ortodoxa), calcula-se então que esse conjunto de construções no mar japonês tenha sido construído na mesma era em que sugiram as colossais pirâmides do Egito.




E mais surpresas estavam por vir. Não muito longe do local, outras ruínas vieram ao conhecimento, sendo uma delas, uma caverna rodeada de grandes pilares e uma estátua de cabeça humana um tanto gasta pela erosão das águas, submersa a cerca de 18 metros abaixo da superfície. Essa obra megalítica, segundo os arqueólogos, é muito parecida com os Moais da Ilha de Páscoa, na costa do Chile, também no Oceano Pacífico.
São escadarias, entalhes na rocha, rampas, terraços, pilares, desenhos de animais feitos em pedras única e a perfeita indicação de que Yonaguni pode ser o mais antigo sítio arquitetônico da história de uma humanidade desconhecida, principalmente depois que foram encontradas ferramentas de entalhe.



Para completar ainda mais a surpresa dos pesquisadores, outra descoberta: uma parede onde estão gravadas inscrições em estranhos caracteres, chamada Okinawan Rosseta Stone. Esses hieróglifos confirmam que o achado tem tudo pra ser obra de seres humanos, de uma civilização altamente evoluída que habitou o local há vários milhares de anos.







As pesquisas prosseguem através do Masaaki Kimura e sua equipe da Universidade de Ryûkyû. Os cientistas confirmam que essa formação retangular de pedras que foi encontrada submersa na costa do Japão é a evidência de que pode ter existido uma desconhecida e fantástica civilização, anterior a Idade da Pedra.

Outro ponto em nossa história que se mostra um tanto controverso, quanto à linha do tempo e a evolução social humana, foi a descoberta de Göbekli Tepe (Monte com Barriga ou Monte com Umbigo em turco) é o topo de uma colina onde foi encontrado um santuário, no ponto mais alto de um encadeamento montanhoso que forma a porção mais a sudeste dos montes Tauro, a aproximadamente 15 km a nordeste de Şanlıurfa (Urfa) no sudeste da Turquia. O local possui 15 metros de altura por 300 de diâmetro. O sítio arqueológico, que está sendo escavado por arqueólogos alemães e turcos, junto com o sítio de Nevalı Çori, vem revolucionando o conhecimento do neolítico e as teorias sobre o início da civilização.

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Göbekli Tepe já havia sido notada por uma pesquisa arqueológica norte americana em 1964, que reconheceu que a colina não poderia ser inteiramente natural, mas presumiu que anomalias do terreno eram apenas um cemitério bizantino abandonado. Desde 1994 escavações tem sido conduzidas pelo Instituto Arqueológico Alemão e pelo Museu de Şanlıurfa, sob a direção do arqueólogo alemão Klaus Schmidt (1995-2000:Universidade de Heidelberg, desde 2001: Instituto Arqueológico Alemão). Schmidt diz que os fragmentos de rocha na superfície do monte fizeram com que tivesse certeza de que se tratava de um sítio pré-histórico. Antes disso o monte estava ocupado por culturas agrícolas. Gerações de habitantes locais frequentemente moviam rochas e as empilhavam para limpar o terreno e muita evidência arqueológica pode ter sido destruída no processo. Acadêmicos da Universidade Karlsruhe de Ciência Aplicada começaram a documentar os restos arquitetônicos. Logo foram descobertos pilares em forma de T, alguns dos quais apresentando sinais de tentativas de esmagamento.



As escavações sugerem fortemente que Göbekli Tepe era um local de culto, o mais antigo já descoberto até hoje. Até que as escavações tivessem começado, não se imaginava possível um complexo nessa escala para uma comunidade tão antiga. A grande sequência de camadas estratificadas sugere muitos milênios de atividade, talvez desde o mesolítico. A camada com indícios de ocupação humana mais antiga (stratum III) continha pilares monolíticos ligados por paredes construídas grosseiramente para formar estruturas circulares ou ovais. Até agora, quatro construções como essas foram desenterradas, com diâmetros entre 10 e 30 metros. Pesquisas geofísicas indicam a existência de mais 16 estruturas.

O stratum II, datado do Neolítico Pré-Cerâmico B (PPNB, na sigla em inglês, 10.000 - 8.000a.C), revelaram várias câmaras retangulares adjacentes com pisos de cal polido reminiscências de pisos em estilo "terrazzo" romanos. A camada mais recente consiste de sedimentos depositados pela erosão e pela atividade agrícola.

Os monólitos são decorados com relevos esculpidos de animais e pictogramas abstratos. Esses sinais não podem ser classificados como escrita, mas podem representar símbolos sagrados amplamente compreendidos, por analogia com outros exemplos de arte rupestre do neolítico.


Os relevos representam leões, touros, raposas, gazelas, burros, serpentes e outros répteis, insetos, aracnídeos e pássaros, particularmente abutres e aves aquáticas. Os abutres aparecem com destaque na iconografia de Çatalhüyük não muito longe dali. Acredita-se que nas culturas neolíticas do sudeste da Anatólia os mortos eram deliberadamente expostos para serem devorados por abutres e depois enterrados. A cabeça do cadáver era às vezes removida e preservada, possivelmente como um sinal de culto aos ancestrais.

Poucas formas humanoides foram desenterradas em Göbekli Tepe mas estas incluem relevos de uma Venus accueillante, o termo de Schmidt para uma mulher em uma pose sexualmente provocativa, e pelo menos um cadáver decapitado cercado de abutres. Alguns dos pilares em forma de "T" tem "braços" esculpidos, o que pode indicar que eles representam humanos estilizados. Outro pilar é decorado com mãos humanas no que poderia ser interpretado como um gesto de oração, com uma estola ou sobrepeliz gravada acima, o que pode representar um sacerdote.

Diante das mais intrigantes e incontestáveis evidências encontradas nos dias mais atuais, e o segmento dos seus estudos e compreensão, cientistas menos ortodoxos, principalmente arqueólogos e geólogos além de pesquisadores, estão plenamente convencidos que em tempos muito remotos, grandes e evoluídas civilizações existiram e ocuparam a face da Terra. O que de forma direta e resoluta, questiona e nos trás à tona, diversas questões objetivas e claras:

Se há 10.000a.C estávamos coletando alimentos na natureza, além de caçar e se ajudar em aspectos cotidianos simples, com o intuito de apenas sobreviver e perpetuar a espécie, como os cientistas ortodoxos dizem que aconteceu. Como pode ser concebível que cidades e monumentos complexos e com uma intrincada variedade de conhecimentos necessários para as suas construções, possam ter sido construídos na mesma época?
Se essas escavações arqueológicas, ainda em estágio inicial, já estão sendo capazes de nos mostrar que nossa linha do tempo da humanidade, está completamente equivocada, o que mais poderá nos mostrar quando concluídas?

O fato é que com a descoberta de novas tecnologias e com o avanço das ciências, de forma geral, estamos começando e compreender o nosso passado, um rápido vislumbre do que pode e deve ter sido a nossa humanidade mais ancestral. Agora já sabemos que as civilizações humanas, são muito mais antigas do que poderíamos imaginar. Novos sítios arqueológicos, levam cientistas a reformular essa linha e hoje já se fala que talvez as primeiras civilizações humanas, datem de 20.000a.C, podendo chegar a 40.000a.C.

É um verdadeiro buraco no tempo, uma lacuna considerável e desproporcional ao que se sabia e compreendia. Ainda estamos engatinhando para preencher e restabelecer uma nova linha do tempo, mas já sabemos que civilizações humanas, são muito mais antigas do que imaginávamos. Um detalhe muito pertinente e até então pouco relacionado, como uma possível causa para o desaparecimento de muitas civilizações antigas, é o final da última era do gelo ou era glacial.

O termo era do gelo (também idade do gelo, período glacial ou era glacial) é utilizado para designar um período geológico de longa duração de diminuição da temperatura na superfície e atmosfera terrestres, resultando na expansão dos mantos de gelo continentais e polares bem como dos glaciares alpinos. Ao longo de uma era do gelo prolongada ocorrem períodos com clima extra frio designadas glaciações. Em termos glaciológicos, o termo era do gelo implica a presença de extensos mantos de gelo tanto no hemisfério norte como no hemisfério sul, e segundo esta definição encontramo-nos ainda numa era do gelo, mas no final cíclico desse período (pois tanto o manto de gelo da Groenlândia como o manto de gelo antártico ainda existem).

Coloquialmente, quando se fala dos últimos milhões de anos, "a" era do gelo refere-se ao mais recente período mais frio com extensos mantos de gelo sobre a América do Norte e Eurásia: neste sentido, a era do gelo mais recente atingiu o seu ponto alto durante o último máximo glacial há cerca de 25.000 anos.

Existem três tipos principais de evidências de eras glaciais: geológicas, químicas e paleontológicas.

• Geológicas: as evidências geológicas ocorrem sob formas variadas, incluindo abrasão, arranque e pulverização de rochas, morenas de glaciares, drumlins, vales glaciares, e a deposição de sedimentos glaciares e blocos erráticos. Glaciações sucessivas tendem a distorcer e apagar evidências geológicas, tornando-as difíceis de interpretar.

• Químicas: este tipo de evidências consiste sobretudo de variações nas proporções de isótopos em fósseis presentes em sedimentos e rochas sedimentares, testemunhos de sedimentos marinhos, e para os períodos glaciais mais recentes, testemunhos de gelo. Uma vez que água contendo isótopos mais pesados tem um maior calor de evaporação, a sua proporção diminui em condições mais frias. Tal fato permite a construção de um registro de temperaturas. Porém, esta evidência pode ser afetada por outros fatores registrados pelas proporções isotópicas; por exemplo, uma extinção em massa aumenta a proporção de isótopos mais leves nos sedimentos e no gelo porque os processos biológicos usam preferencialmente isótopos mais leves, portanto uma redução da biomassa terrestre ou oceânica resulta num deslocamento repentino e biologicamente induzido do equilíbrio isotópico no sentido de existirem maiores proporções de isótopos mais leves disponíveis para deposição.

• Paleontológicas: estas evidências consistem em alterações na distribuição geográfica dos fósseis. Durante um período glacial os organismos adaptados às temperaturas mais baixas espalham-se por latitudes mais altas e organismos que preferem condições mais quentes tornam-se extintos ou são empurrados para latitudes mais baixas. Esta evidência é também difícil de interpretar porque requer (1) sequências de sedimentos cobrindo um longo período de tempo, em várias latitudes e que sejam facilmente correlacionáveis; (2) organismos antigos que sobrevivem durante vários milhões de anos sem alterações e cujas preferências térmicas sejam facilmente diagnosticadas; e (3) a descoberta de fósseis relevantes, o que requer muita sorte.

Apesar das dificuldades, as análises de testemunhos de gelo e de sedimentos oceânicos, mostrou a existência de períodos glaciais e interglaciais ao longo dos últimos milhões de anos. Estas análises confirmam ainda a ligação entre eras do gelo e fenômenos da crusta continental como morenas, drumlins e blocos erráticos. Assim, os fenômenos da crusta continental são aceites como boa evidência de eras do gelo anteriores quando são encontrados em camadas criadas muito antes do período de tempo do qual estão disponíveis testemunhos de gelo e de sedimentos oceânicos.
Sabemos que uma grande porção populacional do planeta, vive e depende diretamente dos oceanos. Nos tempos atuais, os oceanos são importantes não apenas por conta de todos os seus pescados, que alimentam e movimentam a economia do turismo pelo mundo, mas como importante e estratégico local onde são construídos portos e bases para monitoramento e defesa das costas, onde esses oceanos se encontram com os continentes. Nos tempos antigos, não era muito diferente, agora começamos a fazer um link entre as recentes descobertas de civilizações antigas e litorâneas, e o seu total desaparecimento ou ocultamento em nossos litorais. Nos últimos dez anos, mais de 17 locais foram descobertos, como sendo possíveis e potenciais sítios arqueológicos, alguns na costa da índia, citados inclusive no Mahabharata e no Ramáiana, o Mahabharata é visto por alguns autores como o texto sagrado de maior importância no hinduísmo, e pode ser considerado um verdadeiro manual de psicologia evolutiva de um ser humano. A obra discute o tri-varga ou as três metas da vida humana: kama ou desfrute sensorial, artha ou desenvolvimento econômico e dharma, a religiosidade mundana que se resume a códigos de conduta moral e rituais.

Uma parte da nossa história, embora ainda obscura, parece começar a emergir dos oceanos, bem à nossa frente! E uma explicação plausível e concreta, aponta como sendo a mais possível causadora do desaparecimento dessas antigas civilizações e com elas, grande parte da nossa história social evolutiva.
Se passarmos a considerar que há mais de 25.000a.C, já éramos capazes de construir cidades e monumentos megalíticos com uma complexidade e precisão que causam espanto até hoje, podemos traçar um paralelo natural importante, a última era do gelo em nosso planeta. As datas coincidem, então se imaginarmos que muitas cidades litorâneas foram construídas sobre o gelo, ou mesmo sobre as rochosas costas da época, basta concluirmos que o degelo dessa severa fase do planeta, teria aumentado em quase 2/3 o nível dos oceanos, o que diretamente teria levado a um processo gradativo e constante de alagamento e destruição dessas cidades antigas litorâneas.

Então será que grande parte da nossa história ainda pode estar submersa, esperando para ser encontrada e compreendida? As ciências modernas com o apoio das tecnologias atuais e disponíveis, vem encontrando cada vez mais indícios de que grandes cidades e civilizações inteiras foram engolidas pelos oceanos, sítios arqueológicos inteiros estão sendo encontrados até 2.000 km das costas pelo globo, principalmente no oriente, na região da América Central, África e Eurásia. Estima-se que com o degelo da última era glacial, há aproximadamente 25.000 anos a.C, uma porção de terra praticamente igual ao total compreendido pela atual Europa, tenha sido submersa e desaparecido sob os oceanos. Se considerarmos que a população global nessa época era menor que a de hoje, e se pensarmos que eles deveriam extrair grande parte de seu sustento e comércio dos oceanos e que por isso devem ter construído grandes cidades, fortificações e antigos portos em toda essa área, que era o espaço litorâneo dessa época, com o aumento dos níveis oceânicos, grande parte da nossa identidade cultural e histórica pode ter se perdido sob a água.

Migrações constantes e com números cada vez maiores de indivíduos, foram deixando para trás grandes cidades, portos e templos, além de monumentos que hoje começam a ser descobertos e com eles uma lacuna importante a ser preenchida sobre os nossos processos evolutivos biológicos, sociais e humanos. Em um processo gradativo, esses espaços foram se tornando cada vez mais impossíveis de serem habitados, foram sendo inundados e castigados pelas marés cada vez mais altas e intensas, aos poucos as pessoas foram buscando o interior dos continentes, procurando novos locais para se restabelecerem. Muitas culturas e civilizações devem ter se perdido socialmente, ainda durante esse mesmo processo de migração. A falta de liderança e infraestrutura para todas as pessoas, fez com que pequenos grupos fossem formados, muitos devem ter sucumbido a essas mudanças, outros formaram novas aldeias que podem ter dado origem a cidades posteriores, com uma nova mistura de culturas e experiências.

Mas ainda com toda a nossa tecnologia presente, não podemos precisar o que aconteceu de fato, são evidências que muito aos poucos vão montando um intrincado quebra-cabeças...mesmo com todos os esforços recorrentes, ainda estamos muito longe da grande descoberta, começamos a engatinhar em direção a nossa origem, às respostas mais importantes que ainda precisam ser respondidas e compreendidas.




Qual é a origem da vida? De onde nós viemos? Para onde nós vamos quando morremos? Existe mesmo um criador ou criadores? Há um propósito "maior" para a nossa existência?

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Os elementos da vida mapeados através da Via Láctea por SDSS / APOGEE

Dizer "somos stardust" pode ser um clichê, mas é um fato inegável que a maioria dos elementos essenciais da vida são feitas em estrelas.

"Pela primeira vez, podemos agora estudar a distribuição de elementos em toda a nossa galáxia", diz Sten Hasselquist da Universidade do Estado do Novo México. "Os elementos que medimos incluem os átomos que compõem 97% da massa do corpo humano."

Os novos resultados vêm de um catálogo de mais de 150.000 estrelas; Para cada estrela, inclui a quantidade de cada uma de quase duas dúzias de elementos químicos. O novo catálogo inclui todos os chamados "elementos CHNOPS" - carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre - conhecidos por serem os blocos de construção de toda a vida na Terra. Esta é a primeira vez que as medições de todos os elementos CHNOPS foram feitas para um número tão grande de estrelas.

Como sabemos quanto de cada elemento contém uma estrela? É claro que os astrônomos não podem visitar as estrelas para colher uma amostra do que eles são feitos, então eles usam uma técnica chamada espectroscopia para fazer essas medições. Esta técnica divide a luz - neste caso, a luz de estrelas distantes - em arcos-íris detalhados (chamados espectros). Podemos calcular quanto de cada elemento uma estrela contém medindo as profundidades das manchas escuras e brilhantes nos espectros causados ​​por diferentes elementos.

Os astrônomos no Sloan Digital Sky Survey fizeram essas observações usando o espectrógrafo APOGEE (Experimento de Evolução Galáctica do Observatório do Ponto de Apache) no Telescópio da Fundação Sloan de 2,5m em Apache Point Observatory, no Novo México. Este instrumento recolhe luz na parte do infravermelho próximo do espectro electromagnético e dispersa-o, como um prisma, para revelar assinaturas de diferentes elementos nas atmosferas das estrelas. Uma fração das quase 200 mil estrelas pesquisadas pela APOGEE se sobrepõem com a amostra de estrelas visada pela missão Kepler da NASA, que foi projetada para encontrar planetas potencialmente terrestres. O trabalho apresentado hoje se concentra em noventa estrelas Kepler que mostram evidências de hospedagem de planetas rochosos e que também foram pesquisadas pela APOGEE.

Enquanto o Sloan Digital Sky Survey pode ser mais conhecido por suas belas imagens públicas do céu, desde 2008 tem sido inteiramente uma pesquisa espectroscópica. As atuais medidas de química estelar usam um espectrógrafo que detecta luz infravermelha - o espectrógrafo APOGEE (Apache Point Observatório Galactic Evolution Experiment), montado no telescópio Sloan Foundation de 2,5 metros no Observatório Apache Point, no Novo México.

Jon Holtzman da Universidade Estadual do Novo México explica que "ao trabalhar na parte infravermelha do espectro, a APOGEE pode ver estrelas em muito mais da Via Láctea do que se estivesse tentando observar em luz visível. A luz infravermelha passa pela poeira interestelar e a APOGEE nos ajuda a observar uma ampla gama de comprimentos de onda em detalhes, de modo que podemos medir os padrões criados por dezenas de elementos diferentes ".

O novo catálogo já está ajudando os astrônomos a adquirir uma nova compreensão da história e estrutura da nossa Galáxia, mas o catálogo também demonstra uma clara conexão humana com os céus. Como o famoso astrônomo Carl Sagan disse, "nós somos feitos de estrelas." Muitos dos átomos que compõem seu corpo foram criados em algum momento no passado distante dentro de estrelas, e esses átomos fizeram longas jornadas dessas estrelas antigas para você.

Enquanto os seres humanos são 65% de oxigênio em massa, o oxigênio compõe menos de 1% da massa de todos os elementos no espaço. Estrelas são principalmente hidrogênio, mas pequenas quantidades de elementos mais pesados, como o oxigênio pode ser detectado no espectro de estrelas. Com esses novos resultados, a APOGEE encontrou mais desses elementos mais pesados ​​na Galáxia interna. As estrelas na galáxia interna também são mais antigas, então isso significa que mais elementos da vida foram sintetizados anteriormente nas partes internas da Galáxia do que nas partes externas.

Embora seja divertido especular sobre o impacto que a composição da Galáxia interna pode ter em onde a vida aparece, somos muito melhores em entender a formação de estrelas em nossa Galáxia. Como os processos que produzem cada elemento ocorrem em tipos específicos de estrelas e procedem a taxas diferentes, deixam assinaturas específicas nos padrões de abundância química medidos pelo SDSS / APOGEE. Isto significa que o novo catálogo de abundância elementar do SDSS / APOGEE fornece dados para comparar com as previsões feitas pelos modelos de formação de galáxias.

Jon Bird da Vanderbilt University, que trabalha na modelagem da Via Láctea, explica que "esses dados serão úteis para progredir na compreensão da evolução galáctica, à medida que estão sendo feitas simulações cada vez mais detalhadas da formação de nossa galáxia, exigindo dados mais complexos para comparação."

"É uma grande história de interesse humano que agora somos capazes de mapear a abundância de todos os principais elementos encontrados no corpo humano através de centenas de milhares de estrelas em nossa Via Láctea", disse Jennifer Johnson da The Ohio State University. "Isso nos permite colocar restrições sobre quando e onde na nossa vida galáxia tinha os elementos necessários para evoluir, uma espécie de" zona habitável galáctica temporal ".

O catálogo de abundâncias químicas a partir do qual esses mapas foram gerados foi divulgado publicamente como parte da versão do Treze Data do SDSS e está disponível gratuitamente em linha para qualquer pessoa em: http://www.sdss.org/press-releases/the-elements-of-life-mapped-across-the-milky-way-by-sdssapogee/

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Multiversos - ( A teoria "M" )

Para se ter uma ideia do que é a Teoria M (não se sabe de onde vem o M) é preciso ter em conta que esta teoria engloba toda uma família inteira de teorias, que se definem por defenderem:

. o universo observável não é o único;
. um grande número de universos foi criado a partir do nada;
. os múltiplos universos derivam das leis da física;
. cada universo tem muitos estados possíveis.

O conceito de multiverso tem raízes na moderna Cosmologia e na Teoria Quântica e engloba várias ideias da Teoria da Relatividade, de modo que pode ser possível a existência de inúmeros Universos onde acontecem todas as probabilidades quânticas de eventos, isto é, trata-se da teoria que defende a possibilidade de haver múltiplos universos, incluindo o Universo Histórico em que vivemos, que juntamente com os outros, compreendem tudo o que existe e o que pode existir, todo o espaço, tempo, matéria e energia, assim como as leis da física e constantes que as descrevem.

O termo foi dado, em 1895, pelo psicólogo e filósofo americano William James.
Os diversos universos incluídos no multiverso são, às vezes, chamados de universos paralelos.

A estrutura do multiverso, a natureza de cada universo e a relação entre eles, depende da hipótese específica do multiverso.

Os multiversos têm sido teorizados na cosmologia, na física, na astronomia, na religião, na filosofia, na psicologia transpessoal e na ficção, em particular na ficção científica e fantasia.

Física Quântica:

Os princípios da física quântica foram desenvolvidos nas primeiras décadas do séc. XX, quando se percebeu que a teoria newtoniana não era adequada para descrever a Natureza aos níveis atómicos - ou subatómicos. As teorias fundamentais da física descrevem as forças da Natureza e a forma como os objetos reagem a elas:

. Teorias Clássicas - teorias como as de Newton. São construídas a partir de um referencial que reflete a experiência de todos os dias, na qual os objetos materiais têm uma existência individual, uma localização precisa, trajetórias definidas, etc;

. Teoria Quântica - estabelece um esquema conceitual completamente diferente do da clássica, em que a posição, a trajetória e até o passado e o futuro de um objeto não são determinados com precisão.

Os comportamentos de todos os objetos obedecem às leis da física quântica e às leis newtonianas são uma boa aproximação para descrever a forma como se comportam os objetos macroscópicos compostos por esses componentes quânticos.

Outro preceito fundamental da física quântica é o princípio da incerteza, formulada por Werner Heinseberg em 1926:

. Esse princípio diz-nos que há limites para a nossa capacidade de medir simultaneamente certos dados, tais como a posição e a velocidade de uma partícula. Se multiplicarmos, por exemplo, a incerteza da posição de uma partícula pela incerteza do seu momento (a sua massa vezes a sua velocidade), o resultado nunca poderá ser inferior a uma certa quantidade fixa, chamada a constante de Planck (isto é, quanto mais exatamente se mede a velocidade, menos exatamente se pode medir a posição e vice versa).


Segundo a física quântica, independentemente da quantidade de informação que possamos obter ou das nossas capacidades computacionais, os resultados dos processos físicos não podem ser previstos, porque não são determinados com certeza.

A Natureza determina o seu estado futuro, através de um processo que é fundamentalmente incerto: permite um certo número de diferentes eventualidades, cada uma das quais com uma certa probabilidade de ser realizada.

Para além deste princípio é preciso ter em mente outros fundamentos da física quântica:

. Foi o físico norte-americano Richard Feynmann quem deu a conhecer o fato de a matemática e a física serem diferentes da formulação original da física quântica, mas as previsões serem as mesmas.

. A observação de um sistema altera a evolução desse sistema.

A Teoria de Tudo:

A partir daqui, já podemos avançar um pouco. E sendo a Teoria M, uma candidata à Teoria de Tudo, precisamos de ter alguns conhecimentos sobre o universo primitivo e dos conceitos espaço tempo.

A primeira força a ser descrita na linguagem matemática foi a gravidade por Newton, em 1687, que disse que qualquer objeto no universo atrai todos os outros com uma força proporcional à sua massa. Depois descobriu-se uma lei, ou modelo, para as forças eléctrica e magnética: Comportam-se como a gravidade, com a diferença de que duas cargas elétricas ou dois ímãs do mesmo tipo se repelem, enquanto as cargas contrárias ou ímãs se atraem - são mais fortes que a gravidade.

. Todas as forças são transmitidas através de campos. Os campos eletromagnéticos podem propagar-se através do espaço como uma onda (a luz é uma onda eletromagnética que se propaga a uma velocidade de 300.000 km/s);

. A velocidade é igual à distância percorrida sobre o tempo que demorou a percorrer;

. A medição do tempo, tal como a medição da distância percorrida, depende do observador que faz essa medição. Einstein mostrou que, à semelhança do conceito de repouso, o tempo não pode ser absoluto (as ideias de Einstein contrariam a intuição geral);

. O espaço e o tempo estão interligados. É como acrescentar uma quarta direção de futuro/passado às habituais esquerda/direita, frente/trás e acima/abaixo. Trata-se da 4ª dimensão. No espaço-tempo, o tempo já não está separado das três dimensões do espaço e depende da orientação do observador. Também a direção de tempo varia consoante a velocidade do observador;

. O conceito de gravidade na relatividade geral nada tem de semelhante ao conceito de Newton, baseia-se na proposta de que o espaço-tempo não é plano, mas sim curvo e distorcido pela massa e energia que contém. Na Teoria de Einstein a gravidade é uma consequência do fato de a massa distorcer o espaço-tempo, criando uma curvatura.

. A Teoria da relatividade geral prevê novos efeitos como as ondas gravitacionais e os buracos negros - A Relatividade Geral transformou a Física em Geometria.
Para compreender o universo primitivo, quando toda a matéria e energia do universo estavam condensados num pequeno volume, teremos de dispor de uma versão quântica da relatividade geral.

As teorias quânticas de campo são as versões quânticas de todas as Leis da Natureza:

. Gravidade - É a mais fraca de todas as forças, no entanto, é uma força de longo alcance que atua sobre todas as coisas no Universo como uma atração;

. Eletromagnetismo - Também é uma força de longo alcance e muito mais forte do que a gravidade, mas atua apenas em partículas com carga elétrica, sendo repulsiva entre cargas do mesmo sinal e atrativa entre cargas de sinal contrário. Isto significa que as forças eléctricas entre grandes grupos se anulam entre si, mas atuam à escala dos átomos e das moléculas. As forças eletromagnéticas são responsáveis por toda a química e biologia.

. Força nuclear Fraca - Está na origem da radioatividade e desempenha um papel fundamental na formação de elementos, nas estrelas e no Universo primitivo. No entanto, na vida quotidiana não entramos em contato com esta força.

. Força nuclear Forte - Esta força mantém unidos os prótons e os nêutrons no núcleo do átomo. Mantém igualmente a coesão dos próprios prótons e nêutrons, o que se torna necessário dado que estes são constituídos por partículas ainda menores, os quarks. A força forte é a fonte de energia do Sol e da energia nuclear mas, à semelhança da força fraca, não temos contato direto com ela.

Conhecendo as forças, passamos às partículas:

Começamos por explicar o que são os campos de forças - estes campos são constituídos por várias partículas elementares, os bósons, que são os mediadores de interações, deslocando-se para trás e para a frente entre partículas de matéria, transmitindo as forças.
Como foi dito anteriormente, a Teoria M é a candidata principal, atualmente, à Teoria de Tudo. A Teoria de Tudo é uma teoria que tenta unificar as quatro classes numa única compatível com a teoria quântica.

Um exemplo de unificação de forças é a Força Eletrofraca - trata-se da unificação do eletromagnetismo com a teoria fraca. Resolve o problema das infinidades. Pode ser renormalizada e prevê a existência de três novas partículas, W+, W- e Z0.

Outra noção a ter em conta é a da Cromodinâmica quântica (QDC) - o próton, o neutron e muitas outras partículas elementares da matéria são compostas por quarks, que têm uma propriedade notável a que os físicos acabaram por dar o nome de cor. Os quarks surgem em três pretensas cores: Vermelho, verde e azul. Cada quark tem também um parceiro anti partícula e as cores dessas partículas são designadas por anti vermelho, anti verde e anti azul. A ideia é de que apenas as combinações sem qualquer final podem existir como partículas livres.

. A cor e a anti cor anulam-se, de modo que um quark e um anti quark formam um par sem cor, uma partícula instável chamada méson.

. As três cores (ou anti cores) são misturadas, dando como resultado uma partícula sem cor, designados os bárion, que são a base de toda a matéria (por exemplo, os prótons e os nêutrons).

As flutuações no vácuo são devidas aos pares de partículas que surgem juntas num dado momento, se afastam, se juntam de novo e se aniquilam mutuamente. São as partículas virtuais.

Uma das implicações importantes da supersimetria é que as partículas mediadoras de forças ou interações e as partículas de matéria, e por consequência, força e matéria, são apenas dois aspectos da mesma coisa.

Não me alongarei aqui em descrever a Teoria das Cordas, importante para a Teoria M, no entanto farei referência ao fato de não serem consistentes se o espaço-tempo tiver dez dimensões. Vou deixar a Teoria das Cordas para outro ensaio, em outro momento. Estas dimensões adicionais às quatro referidas acima, estarão de tal forma dobradas sobre si num espaço tão pequeno que se torna impossível, pelos meios atuais, a sua detecção. Estão enroladas no espaço interno. Nesta teoria as partículas não são pontos, mas padrões de vibração que têm comprimento, mas são desprovidas de altura ou largura - como pedaços de corda infinitamente finos.

A Teoria “M” prevê a existência de 11 dimensões, que podem conter não só cordas vibratórias, mas também partículas pontuais, membranas bidimensionais, gotas tridimensionais e outros objetos mais difíceis de visualizar e que ocupam até nove dimensões do espaço. Esta teoria prevê a existência de 10.500 universos diferentes.

O multiverso e a teoria da inflação:

Há mais de 50 propostas que explicam o que provocou a inflação e o que, finalmente, lhe pôs termo, originando o Universo visível. Como ninguém sabe ao certo como começou a inflação, há sempre a possibilidade de o mecanismo voltar a acontecer - as explosões inflacionárias podem repetir-se. Esta é a ideia proposta pelo físico russo Andrei Linde da Universidade de Stanford - o mecanismo, qualquer que seja, que provocou a inflação súbita do Universo ainda está a funcionar, fazendo talvez com que outras regiões distantes do Universo também sofram inflação de forma aleatória.

De acordo com esta teoria, uma pequena porção do Universo pode inflacionar subitamente e "germinar", dando origem a um Universo "filho" ou Universo "bebé" que, por sua vez, pode gerar um outro Universo "bebé" e assim sucessivamente. Neste cenário os big bangs estão a acontecer constantemente.

Linde chama a esta teoria inflação eterna e auto reprodutora ou "inflação caótica", porque prevê um processo infindável de inflação contínua de universos paralelos.

A classificação de Tegmark:

O cosmologista Max Tegmark providenciou uma taxonomia de universos para além do universo observável.

Os níveis, de acordo com a classificação de Tegmark, estão de forma a que o próximo universo possa abarcar e expandir o universo anterior, como são brevemente descritos abaixo:

Para além do nosso horizonte cosmológico:

Uma predição geral da inflação caótica é a de um universo ergódico infinito, que, sendo infinito, tem de conter volumes Hubble a realizar todas as condições iniciais. Assim, um universo infinito irá conter um número infinito de volumes Hubble, todos com as mesmas leis e constantes físicas.

No que diz respeito à configuração e à distribuição da matéria, quase todos iriam diferir do nosso volume Hubble. No entanto, como há volumes infinitos, para além do horizonte cosmológico, eventualmente haverão volumes Hubble com configurações similares e até mesmo idênticas.

Tegmark estima que um volume idêntico ao nosso deve estar a cerca de 1010(115) metros de nós. Esta estimativa implica o uso do princípio cosmológico, onde o nosso volume Hubble não é especial nem único.
Por extensão da mesma razão, iria haver, de fato, um número infinito de objetos Hubble, idênticos ao nosso, no Universo.

Universos com constantes físicas diferentes:

Na Teoria da Inflação Caótica, uma variante da Teoria da Inflação Cósmica, o multiverso, como um todo está a dilatar-se e continuará a fazê-lo eternamente, mas algumas regiões do universo param de dilatar-se e formam bolhas distintas. Essas bolhas são o embrião do multiverso no nível I.

Linde e Vanchurin calculam que o número destes universos estejam na escala de 1010(10000000).
Bolhas diferentes podem experimentar resultados de ruptura simétrica espontânea em propriedades diferentes, assim como em constantes físicas diferentes.

Este nível inclui os universos oscilatórios teóricos de John Archibald Wheeler e a Teoria do Universo Fecundo de Lee Smolin.
      
A interpretação quântica de muitos mundos:

A interpretação de muitos mundos (MWI - many worlds interpretation) de Hugh Everett é uma das interpretações dominantes da mecânica quântica. Em resumo, um dos aspectos da mecânica quântica é que certas observações não são absolutas. Em vez disso, há um largo número de possíveis observações, cada uma com uma probabilidade diferente. De acordo com o MWI, cada uma destas observações corresponde a um universo diferente. Suponha que um dado, que contém 6 lados, é lançado e que cada resultado numérico corresponde a uma observação da mecânica quântica. As seis possibilidades numéricas que o dado pode fornecer, correspondem a seis universos.

Tegmark defende que um universo do nível III não contém mais possibilidades de volumes Hubble do que um multiverso do nível II. De fato, todos os "mundos" diferentes criados por uma divisão num multiverso do nível III com as mesmas constantes físicas podem ser encontradas em volumes Hubble do multiverso de nível I.

De forma idêntica, as bolhas do nível II, com constantes físicas diferentes podem ser encontradas como "mundos" criados por "separações" no momento da ruptura espontânea de simetria no multiverso de nível III.
      
A derradeira ligação:

A derradeira ligação é a hipótese do próprio Tegmak. Este nível considera reais todos os universos que possam ser descritos matematicamente. Isto não inclui leis físicas de baixa energia que não sejam parte no nosso mundo observável. Tegmark diz que “a matemática abstrata é tão generalista que qualquer teoria de tudo (TOE), descrita em termos puramente formais é também uma estrutura matemática. Por exemplo, uma TOE que envolve diversos tipos de entidades e relações entre si não é mais do que aquilo a que os matemáticos chamam de um modelo de set-theory, onde se pode encontrar um sistema formal que é um modelo de algo". Continua, "isto implica que qualquer teoria de universos paralelos concebida pode ser descrita no nível IV" e "submete todas as outras ligações, o que traz uma hierarquia de multiversos e não pode existir um nível V".

Jürgen Shmidhuber, no entanto, diz que "a estrutura assente na matemática" ainda não está bem definida e, só admite representações de universos descritos pela matemática construtiva.    

Multiverso e a Teoria M:

Um multiverso, de certa forma diferente, tem sido considerado como uma extensão multidimensional da Teoria das Cordas, conhecida como a Teoria M ou Teoria das Membranas.

Nesta teoria o nosso universo e outros são criados através da colisão de p-branas, num espaço com 11 e 26 dimensões. Cada universo tem a forma de uma D-brana, objetos em que cada universo está, essencialmente confinado, mas podendo interagir com outros universos através da gravidade, uma força que não está restrita às D-branas.

Apesar desta teoria não ser como a dos universos quânticos, os mesmos conceitos podem trabalhar ao mesmo tempo.

 Rodrigo Stenio - Junho/2015